PRÁTICAS INFORMACIONAIS DE TRAVESTIS DA GRANDE VITÓRIA (ES)
Nome: MARCELA AGUIAR DA SILVA NASCIMENTO
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 08/06/2021
Orientador:
Nome | Papel |
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MARTA LEANDRO DA MATA | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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HELEN DE CASTRO SILVA CASARIN | Examinador Externo |
MARTA LEANDRO DA MATA | Orientador |
MERI NADIA MARQUES GERLIN | Examinador Interno |
Resumo: Toda ação social deriva da dupla movimentação entre a subjetividade e os
condicionamentos culturais a que os sujeitos estão alicerçados. Os estudos
sobre práticas informacionais evidenciam como as ações cotidianas, os
inter-relacionamentos, a interseccionalidade e os contextos socioculturais
dinamizam e interferem no percurso informacional. As pesquisas sobre
práticas informacionais de sujeitos LGBTQIA+ demonstram haver uma
lacuna no que diz respeito às especificidades dos processos de busca,
acesso, apropriação, uso e compartilhamento da informação da
comunidade de travestis. Como as travestis são concomitantemente
visíveis (pelas mídias) e invisíveis (pelas discriminações), é um desafio
examinar questões relacionadas aos seus engajamentos com a
informação. Levando em consideração que os sujeitos informacionais não
estão isolados em um ambiente privado, que as identidades se constroem
a partir das inter-relações e que os fenômenos informacionais são
atravessados pelas demarcações políticas, econômicas, simbólicas e
identitárias, chegou-se a seguinte questão: em que medida a identidade de
gênero influencia nos aspectos voltados à busca, acesso, apropriação, uso
e disseminação da informação das travestis da Grande Vitória (ES) em
seus cotidianos? Nesse sentido, tornou-se imprescindível investigar as
necessidades, fontes, disposições sociais/coletivas e as negociações
informacionais dessa população em um viés interseccional, abarcando
categorias como gênero, raça/etnia e classe social. Para tanto, o objetivo
geral desta pesquisa consiste em analisar as práticas informacionais das
travestis da Grande Vitória (ES) frente ao processo de construção da
identidade de gênero. Do ponto de vista metodológico, trata-se de uma
pesquisa exploratória com caráter qualitativo. Como instrumento para
coleta de dados, empregou-se a entrevista semiestruturada, guiada por um
roteiro de três blocos, com oito travestis residentes da Grande Vitória (ES).
Os resultados demonstraram que desde a infância as travestis relacionam-
se com a feminilidade e que o ambiente doméstico se apresenta como
parte da extensão dos valores cisgêneros e heterossexuais. As principais
necessidades de informação condizem com a reestruturação do corpo por
meio dos mecanismos sintéticos e anticoncepcionais. As fontes de
informação mais utilizadas pelas travestis retroalimentam-se no ciclo
contínuo da troca informacional: as travestis buscam com outras travestis.
Os marcadores de diferença (gênero, raça/etnia, classe social) simbolizam
uma tripla inferência na busca informacional. O uso da informação ocorre
com o objetivo de reconstruir a cidadania e na disseminação de
informações sobre performance, corpo, identidade e feminilidade através
de suas corporeidades feminilizadas. O contexto das travestis é imbricado
por intersecções e interações sociais que influenciam em todo o processo
das práticas informacionais.